Wednesday, January 28, 2009

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Nunca esquecer. Impossível compreender.

Passados tantos anos, continuo a ter dificuldade em compreender como foi possível na Europa do sec. XX, na terra que escutou Bach, o animal homem descer tão baixo na racionalidade a ponto de se perder do lado humano que possuía e eleger como metas os mais abjectos e degradantes instintos.
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O poder, quando exercido fora do controle de instituições democráticas - transforma, e quase sempre transforma para pior.
É da natureza do poder, que quem o tem a ele se queira agarrar desesperadamente, não olhando a meios. É por essa razão que se torna fundamental a existência de órgãos que equilibrem o exercício dos vários poderes, sempre na observância do Direito, e tendo presente que o seu destino está na realização material e espiritual do Homem - a célebre medida de todas as coisas.
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Em culturas como a nossa, conhecemos bem o fenómeno do pequeno vilão, revelado com a mesma rapidez com que vestiu as posses de que foi investido. Sejam elas as do simples contínuo, do secretário ou do ministro, as maiores ofensas residem, não em se desrespeitar o interesse do cidadão, em complicar-lhe a vida ou em desperdiçar o dinheiro público, mas em se poder pensar que o tal fulano não manda nada.
Mandar, em qualquer patamar a começar no chefe máximo do pessoal mínimo, é o vértice orgásmico destas tipologias culturais. Só depois virão, quando vierem e desde que superiormente autorizados – os interesses do cidadão simples e anónimo.
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Exemplos? Basta ver a corrente de indignações e indignados, logo que alguém se atreveu a questionar um processo de licenciamento que deveria ter sido clarinho, transparente e acima de qualquer suspeita.
Em Portugal a opinião pública não vale uma linha num jornal. As nomenklaturas são, de facto, os donos disto.
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