Friday, February 6, 2009

A transparente lógica da usura

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O negócio bancário, o único em que, grosso modo, a usura permanece legalizada, não faz nada que possa admirar alguém.
Aproveitando a boleia da crise e as ajudas do Estado, o banqueiro foge de conceder crédito às pequenas empresas e orienta a sua acção para o crédito a particulares.
E por que razão isso sucede?
Por ser fantasticamente mais rentável pegar no crédito que seria concedido a uma PME, que por razões políticas seria necessariamente a um juro mais baixo, e espalha-lo por algumas dezenas de particulares, a taxas de juro verdadeiramente pornográficas.
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Por exemplo: o banqueiro, em vez de conceder € 50.000 de crédito a uma PME, à taxa de 8 ou 10%, prefere angariar 10 clientes aos quais concede a cada um € 5.000 de crédito, a taxas que rondam os 30%. Isto é, quadruplica a taxa de juro e, ao dividir o crédito em 10 pequenos montantes, anula praticamente o risco do negócio.
Dir-se-ia que qualquer Administrador Bancário, mesmo não percebendo de Bancos, aprovaria as vantagens desta “opção estratégica”.
Não se pense que este exemplo é imaginação, pois é mesmo assim que a coisa está a funcionar. O “cluster” é que está a dar.
Há poucas semanas chegou-me pelo correio um daqueles cheques com crédito já aprovado (que eu nem pedira), prontinho a ser depositado na minha conta. O amável ofertante era o BBVA, Banco em que nem tenho conta, e a taxa de juro roçava os 29% ao ano. Nada mau!!!
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Como se verifica que a liquidez injectada no sistema bancário não chega aos destinatários e por isso não está a cumprir os objectivos de relançar a economia, parece que os governos fariam melhor se injectassem o dinheiro directamente no tecido produtivo - baixando os impostos às empresas e às famílias.
O maior problema dessa opção era os Bancos ficarem privados deste maná que lhes está a cair no colo.
A crise, que foi criada pelos Bancos, irá – at the end of the day – aproveitar exactamente a eles mesmos.
Também não é novidade.
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1 comment:

mdsol said...

Gostei!
:))