Saturday, September 12, 2009

A intercessão de Rosas

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Esta manhã, ao passar por Azeitão, dei com 9 espécimes políticos que se passeavam na estrada principal dos Brejos.
No grupo, agitavam-se militantemente cinco bandeirolas do Bloco, sendo 4 no tradicional encarnado e uma num inaudito - azul cueca. O logótipo era em preto nos dois casos.
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De repente, dei com um os olhos num dos ases que, circulando desprovido de bandeirinha, agitava os braços desenhando gestos no ar.
Mesmo assim de longe, e sem que fosse preciso ouvir o que dizia, percebia-se pelos gestos que estava como que dando uma aula aos dois militantes mais próximos.
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A certa altura, os braços levantados no ar e as mãos abertas com os dedinhos esticados apontando o chão, formavam dois feixes de luz. O gesto, eloquente, mostrava com simplicidade como, em tempos que já lá vão, o materialismo dialéctico despira e iluminara o materialismo histórico e trouxera as suas curvas à nitidez cognitiva das massas, particularmente da sua vanguarda esclarecida e politicamente mais libidinosa pela substância da coisa.

Curvado ao peso da história, atirando os pés para diante como que a amparar a barriga, a face macilenta a indiciar uma possível osmose de nicotinas e condensados através das bochechas, ainda sem bandeirinha mas fazendo sempre gestos, - ali seguia ele.
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Os Brejos praticamente tremiam à sua passagem. Um semáforo, até mudou de cor.
Quando vão muitos no rebanho, deve ser àquilo que chamam arruada.
Com aquela idade, que infelicidade fará mexer o professor Rosas?
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